Por Silvia Pereira
Prefeitura se reúne com representantes dos polos gastronômicos para encontrar saídas para crise.
A Prefeitura do Rio lançará este mês o plano urbano Reviver Centro, que tem como objetivo o estímulo à recuperação social, econômica e urbanística do Centro do Rio. Esse é um projeto antigo do prefeito Eduardo Paes para a área e que agora promete sair do papel e se tornar realidade, visto que já foi enviado à Câmara de Vereadores para a discussão no legislativo em curso.
Na prática, o bloco já está na rua, para trabalhar em prol da ideia que converterá o projeto Reviver Centro, em realidade. E foi a partir desse objetivo, e embalada pela nova gestão municipal, que promete ser proativa, em que todos os órgãos dialoguem entre si, é que a Secretaria de Desenvolvimento Econômico reuniu-se na tarde desta sexta-feira na Cdurp, no Centro, com os principais atores desse projeto de união, que são os empreendedores.
Este primeiro encontro entre representantes dos polos gastronômicos do Rio com o governo de Eduardo Paes marcou a presença recorde de uma comissão de 24 empresários, que debateram sobre diversas demandas do setor, que está muito castigado pela crise econômica, agravada pela pandemia.
Estavam presentes representantes da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, o subsecretário da pasta, Marcel Balassiano, e seu coordenador setorial, Armed Nemr, com quem conversei, numa entrevista transcrita a seguir:
Como se sabe, o senhor tem um excelente relacionamento com a categoria dos polos, muito pelo seu perfil empresarial. Qual será, então, sua missão dentro desse projeto?
Armed – É principalmente, buscar estabelecer com o empreendedor o diálogo e criar uma ponte de suas demandas com a prefeitura, para solucionar problemas do setor. A prefeitura não quer participar do processo decisório de forma unilateral e impositiva. Na realidade, a gestão Paes quer tentar criar a possibilidade de o empresário debater algumas decisões, que antes eram tomadas à revelia de sua participação. Portanto, a partir de agora, o gestor privado vai atuar contribuindo com esse grande debate, e dialogar com todos os órgãos que deliberam seus negócios.
Na prática, como será feito isso?
No primeiro momento, será dada prioridade de atendimento a bares e restaurantes. Depois, a gente vai acompanhar a estruturação e ver o que nós temos de ordenamento, e daí, efetivamente, chamar polo por polo para discutir como se dará o relacionamento com os representantes de cada poder, de acordo com a demanda de cada um.
Em sua avaliação, qual o polo mais problemático?
Não existe polo mais problemático. O que existe são problemas pontuais, e que ao longo dos diagnósticos que serão feitos vamos ter o panorama desse quadro com lupa, e aí com o auxílio da Secretaria e de outros órgãos afins vamos conseguindo recuperar cada região, colocando nos trilhos, corrigindo e arrumando a casa, focando sempre no desenvolvimento. Porém, a grande inovação dessa gestão será a boa interlocução que estamos estabelecendo entre os órgãos da prefeitura com o empresariado, que é responsável pela produção de riquezas, que alavanca a economia e gera emprego.
Qual a expectativa do governo sobre a população do Rio em aderir ao modelo de uma região que abriga trabalho e moradia ao mesmo tempo?
A partir, de um grande debate com o empresariado carioca, não só de uma concepção, ou um conceito, mas de uma ideia apoiada em condições objetivas, com levantamentos e estudos concretos. O projeto Reviver Centro prevê a transformação da área em local de moradia, com infraestrutura que dê para todos conviverem no Rio de maneira sustentável. Enfim, uma cidade que funcione, onde haja uma concentração de serviços essenciais como educação, saúde, comércio, emprego e lazer, e que deixe de ser apenas um centro comercial avulso, que no final de semana fique abandonado, e subutilizado.
Até que ponto a pandemia corroborou o abandono do Centro do Rio?
Pois é, sem dúvida alguma, a pandemia acentuou todas as contradições e mazelas que já existiam, há anos, no Centro do Rio. E quando as empresas começaram a fazer o home office, e o público parou de vir ao Centro da cidade, todos puxados para o fechamento e distanciamento social, como prevê o protocolo de segurança sanitária, tivemos uma piora, em termos de abandono. Além disso, a pandemia evidenciou mais desigualdades e falta de oportunidades, uma situação agravada pelo desemprego, e fez o Centro da cidade definhar, tarefa que pretendemos reverter.
Mas o efeito home office é de que, a partir de sua utilização, o empresário percebeu que seu custo diminuiu. Mas, em contrapartida, percebeu também que a distância do emprego, aliado a um transporte muitas vezes precário, e que também representa custo para o trabalhador, demonstra apenas uma faceta do quanto é viável o Reviver Centro.