Pontificado de Leão XIV
Por: Alberto Gallo
Especialista em Infraestrutura.
PPED UFRJ
Publicado em: 13 de junho de 2025 às 12:59
O mês inaugural do pontificado de Leão XIV foi marcado por uma atmosfera singular: a Igreja Católica, em seu perene caminhar, parece ter encontrado no novo papa uma síntese entre tradição e renovação, entre a fidelidade ao legado de Francisco e a afirmação de uma identidade própria. Não houve rupturas, mas sim retomadas e continuidades, como quem sabe que a Igreja é Una e caminha com todo o Povo de Deus.
A Igreja não é do Papa, nem do Cardeal e nem do Pároco. Não pertence ao Clero, aos movimentos, às Ordens Religiosas e nem às pessoas importantes de qualquer contexto. A Igreja é de Cristo, Ele é a cabeça, e todo povo de Deus é seu Corpo Místico.
Desde a primeira saudação, Leão XIV deixou claro que o seu pontificado seria pautado por dois pilares: Paz e Justiça Social em defesa dos fragilizados. Em seus discursos, repetiu insistentemente a palavra “Paz”, evocando o compromisso de construir pontes e promover o diálogo, mesmo diante de conflitos globais que parecem insuperáveis.
A escolha do nome “Leão” não foi casual: remeteu ao papa Leão XIII, cuja encíclica “Rerum Novarum” lançou as bases da doutrina social da Igreja. O novo pontífice parece ter assumido o desafio de atualizar esse legado, denunciando desigualdades, condições indignas de trabalho e defendendo a dignidade de todos, especialmente dos mais vulneráveis.
Leão XIV manteve gestos simbólicos que sinalizam continuidade com Francisco. Visitou a Basílica de Santa Maria Maior, onde rezou diante do túmulo de seu antecessor, depositando uma flor branca e ajoelhando-se em oração
Esse ato, mais do que uma homenagem, foi uma afirmação de que a missão da Igreja segue adiante, sustentada pela memória e pela esperança. Em sua primeira audiência geral, falou da “Semeadura” da Palavra de Deus, retomando o estilo pedagógico e acolhedor de Francisco, e se apresentou como um “pastor moderado”, mantendo a proximidade com o rebanho e evitando exaltações pessoais.
No entanto, Leão XIV também deixou claro que seu pontificado terá traços próprios. Ao escolher vestes tradicionais – mozeta, pálio e anel do pescador –, diferenciou-se do estilo mais simples de Francisco, resgatando símbolos que remetem à autoridade e à tradição da Igreja 71521. Essa escolha visual foi acompanhada de posicionamentos doutrinários firmes: reafirmou o ensino tradicional sobre a família, o aborto, a eutanásia e a chamada “ideologia de gênero”, mantendo-se fiel ao magistério católico em questões éticas e morais.
No campo diplomático, Leão XIV mostrou-se proativo. Em encontros com embaixadores e representantes de governos, insistiu na necessidade de investir no desenvolvimento, combater a pobreza e promover os direitos humanos, sempre com ênfase na dignidade inegociável de cada pessoa, do nascituro ao idoso, do doente ao desempregado, do cidadão ao migrante.
Sua própria história de vida, como descendente de imigrantes e bispo em terras distantes, reforça o compromisso com os que cruzam fronteiras em busca de uma vida digna. Aqui renovamos esperança de um avanço na unidade dos cristãos e de políticas por um entendimento global, reduzindo conflitos e terrorismo.
Ao fim deste primeiro mês, é possível dizer que Leão XIV conseguiu imprimir um tom de tranquilidade e equilíbrio à Igreja. Sem grandes reviravoltas, mas com gestos e palavras que sinalizam tanto continuidade quanto identidade própria.
O pontificado que se inicia parece destinado a recolher os cacos de um mundo fragmentado, promovendo unidade e esperança, sem se furtar ao anúncio da verdade e à defesa dos mais frágeis.
Como ele mesmo disse: “Caminhando juntos, como Igreja unida, buscaremos sempre a Paz e a Justiça, trabalhando sempre fielmente a Jesus Cristo, sem medo de anunciar o Evangelho e sermos missionários”.
Assim, o rugido de Leão XIV ecoa suave, mas firme: um chamado à Unidade, à Justiça e à Paz, em continuidade com Francisco, mas com a coragem de ser quem é – pastor, construtor de pontes e defensor da dignidade humana.