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Biológicos e Biossimilares: A estratégia brasileira para sustentar o acesso à terapias de ponta

O Avanço das Terapias Biológicas no Combate a Doenças Raras.

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Entrevista com Dr Izidoro Flumignan

Por Silvia Pereira/ Fotos: Arquivo

Publicado em: 18 de dezembro de 2025 às 00:01

 

 

No Brasil, comemorou-se oficialmente a partir deste ano o dia 16 de dezembro como a data de luta do Dia Nacional do Medicamento Biossimilar, que foi instituída em 2025 através  da Lei nº 15.087, sancionada para destacar a importância estratégica dos biossimilares (versões altamente semelhantes a medicamentos biológicos originais cujas patentes expiraram) para a sustentabilidade do sistema de saúde e ampliação do acesso à terapias complexas.

Esses medicamentos biológicos é um achado revolucionário para  o tratamento de doenças complexas a partir de 2025, melhorando extraordinariamente os desfechos clínicos, com alto impacto econômico em todo o mundo.

Porém no Brasil, a pressão sobre o custo é ainda maior, isso porque no país, devido a sua grande densidade demográfica, o volume de demanda é quase insustentável.  Isso se dá por conta da maioria dessa população sem recursos recorrer em massa aos serviços do SUS, criando-se uma “explosão” de atendimentos que atinge até mesmo a Saúde Suplementar gerando uma crise interminável no Sistema de Saúde.

No entanto, com o objetivo de equacionar esse problema de ordem prática, foi realizado um levantamento técnico pelos médicos Izidoro Flumignan e Paulo Zétola, do Núcleo de Medicina Preventiva do IFM-Rio, que apontou que, do ponto de vista administrativo, a criação de seguradoras especializadas em medicamentos de alto custo, seria uma medida estratégia para diluir o peso econômico do produto.

Por outro lado, o método, se adotado, tende a fortalecer negociações, promovendo o uso racional para garantir a sustentabilidade, a equidade e a universalidade do acesso contínuo aos medicamentos biológicos.

Um dos criadores e incentivadores dessa ideia, o médico, Dr Izidoro Flumingnan, vai explicar pra gente, todo o universo dos benefícios dos medicamentos biológicos

 8k – O primeiro ponto a ser abordado, é o de que vem a ser “medicamentos biológicos”?

Dr Izidoro – Bom, os medicamentos biológicos (ou biofármacos) são remédios produzidos a partir de organismos vivos ou de suas células e derivados, utilizando técnicas avançadas de biotecnologia. Diferente dos medicamentos comuns (sintéticos), que são feitos por manipulação química em laboratório, os biológicos possuem moléculas grandes e complexas que mimetizam substâncias naturais do corpo.

8k – Qual a importância dos medicamentos biológicos para  o aço da medicina?

Dr Izidoro – Eles ajudam a tratar doenças graves, como câncer, doenças autoimunes, inclusive hormônios como as insulinas e a semaglutida (OZEMPIC) e a tirzeparida (MONJARO) e outros nesta linha, de forma muito precisa, com poucos efeitos colaterais, muito seguros e eficazes.

8k – Por que eles são considerados uma revolução na medicina?

Dr. Izidoro – Isso se deve ao fato de mudarem a eficácia do tratamento de doenças que antes não tinham solução. Hoje, muitos pacientes conseguem viver mais e melhor, graças a esses medicamentos. Isso porque, sua chegada ao mercado criou uma grande expectativa de mudança de paradigma pela qual a sociedade moderna passa a ter sua saúde preservada, através de medicamentos estão salvando vidas, e curando de fato, vários tipos de cânceres, inclusive atuando já de forma precisa no tratamento do Alzheimer.

8k – E por que os biológicos são tão caros?

Dr. Izidoro – Devido a sua produção ser muito complexa, pois são proteínas de alta precisão com desenhos sofisticados. Depende de uma tecnologia avançada, testes longos, muita pesquisa, testes em humanos em larga escala e fábricas especializadas. Isso faz com que o preço final seja muito alto. Uma injeção de um remédio biológico para a câncer está entre 5 a 50 mil reais, e o doente precisa tomar uma vez por mês, às vezes de forma continuada e outras vezes por 6 a 12 meses ou mais.

8k – Até que ponto os medicamentos biológicos valem o investimento?

Dr. Izidoro – Valem até o ponto crucial de uma vida. Esse custo representa, a ausência de internações, e consequentemente a redução de risco de infecções, o que se traduz em abolição de complicações adjacentes, e assim evoluir para uma melhoria na qualidade de vida. São medicamentos que estão vencendo doenças como o câncer, a obesidade, doenças autoimunes como a psoríase, a osteoporose que até então eram considerados inevitáveis. No fim, cada paciente pode viver mais e melhor, entender nossa idade produtiva e às pessoas com mais saúde geram economia para o sistema de saúde.

8k – O que são Biossimilares e como ajudam?

Dr Izidoro – São versões mais baratas dos biológicos originais, feitas quando a patente expira. Comparativamente, são os genéricos dos medicamentos comuns, mas não são como eles, pois uma proteína não pode ser copiada de forma idêntica como a química dos medicamentos comuns. Mas devem fazer efeitos similares de custo bem mais reduzidos. Eles mantêm a eficácia e segurança, mas custam menos, ampliando o acesso, para propiciar a inclusão, equidade e a universalidade de acesso à Saúde

8k – Quais benefícios os biológicos trouxeram para os pacientes?

Dr Izidoro – Melhoraram muito o tratamento do câncer, controlaram doenças autoimunes e trouxeram esperança para doenças raras. Muitos pacientes têm hoje uma vida mais longa e saudável.

8k – Como funciona a cobertura desses medicamentos no Brasil?

Dr Izidoro – O SUS tem a obrigação, por princípio de seus fins, de oferecer a todos que precisem. E por força da lei federal os Planos de Saúde também são obrigados a pagar o tratamento de câncer para seus usuários até mesmo em regime ambulatorial. Isso garante acesso, mas também aumenta bastante os custos das operadoras, que por isso estão com crise no setor.

8k – Quanto o Brasil gasta com esses medicamentos?

Dr Izidoro – Como esses medicamentos estão chegando em avalanche em todo o mundo, não há dados consolidados sobre o quanto isso custa. O orçamento do Ministério da Saúde é de 240 bilhões, e estima-se que dentre todos os medicamentos que disponibiliza, 40% são para os biológicos que estão atendendo por volta de 2% dos pacientes do SUS. Os planos privados estão anunciando que o impacto é muito grande e que estão crescendo continuamente. Estima-se que somente a dispensação da semaglutida (OZEMPIC) pelo SUS custaria ao Ministério da Saúde por volta de 8 bilhões de reais por ano, motivo pelo qual o CONITEC não a aprovou. Portanto, os medicamentos biológicos ameaçam a sustentabilidade tanto do SUS quanto do Sistema Complementar.

8k – E nesse caso, o que os Planos de Saúde podem fazer para lidar com esses custos?

Dr Izidoro – Negociar preços com a indústria, usar mais Biossimilares, criar programas de prevenção e adotar modelos de pagamento baseados em resultados. Mas por enquanto, isso não tem se mostrado muito eficaz. É enxugar gelo.

8k – Qual seria a solução para garantir acesso sem quebrar o Sistema de Saúde, tanto do SUS quanto do Sistema Complementar?

Dr. Izidoro – A ideia apontada seria a criação das Seguradoras em regime de PPP – Parceria Público Privado para gerir os fundos necessários para dar conta dessa demanda através da racionalidade das compras e das dispensações. Elas ajudariam a dividir os riscos, negociar melhores preços e garantir que todos tenham acesso à uma boa Saúde

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